SAÚDE É ITEM OBRIGATÓRIO NA AGENDA NACIONAL
Deputado Juscelino Filho |
Saúde é dever do estado brasileiro, é uma conquista do povo, materializada na Carta Magna de 1988, a Constituição-Cidadã.
O país, de fato, assumiu essa responsabilidade, a causa foi abraçada
pela sociedade, é ela que garante a universalização do Sistema Único de
Saúde – SUS, a partir dos tributos que financiam a maior parte dos
custos da rede pública, federal, estadual e municipal.
Saúde é item obrigatório na agenda
nacional, a primeira preocupação dos brasileiros, mais do que a
corrupção: atestam 23% dos entrevistados em recente pesquisa divulgada
na grande imprensa, certamente verbalizando o drama dos pacientes e de
suas famílias, sobretudo as mais pobres, que lotam corredores de
ambulatórios e hospitais, cenas chocantes, desumanas.
Há nítido descompasso entre a crescente
demanda da população e o atendimento insuficiente da rede, as soluções
encontradas não conseguem superar os problemas existentes, mininizam
efeitos, não eliminam causas, são paliativos em inúmeras situações,
infelizmente.
É justo reconhecer a enormidade dos
recursos alocados. Mas, eles não podem faltar, nem diminuir, são
decisivos, viscerais: mesmo episódica, qualquer descontinuidade traz
danos, até irreparáveis. Por isso, além da prioridade a instalações,
equipamentos, pessoal capacitado e fluxo financeiro, políticas públicas,
sistemas e programas de saúde exigem permanente atenção, constante
monitoramento e gestão efetiva.
O Brasil tem vários exemplos positivos,
incluindo amplas, bem sucedidas campanhas nacionais de conscientização,
mobilização e ação operacional de saúde: o aleitamento materno, a
redução da mortalidade infantil, a quase erradicação da poliomielite, o
combate à AIDS, a vacinação contra a gripe.
Há avanços a comemorar, sim, mas, há
ainda graves dificuldades a enfrentar, algumas delas recorrentes: esse é
exatamente o caso da alta incidência de dengue, que atinge uma em cada
quatro cidades brasileiras, assusta a população, ocupa manchetes da
mídia. São centenas de milhares de pessoas infectadas, há várias mortes
associadas, a maioria em São Paulo, agora.
Diante da epidemia, é imediato o
fornecimento de medicamentos e profissionais especializados em
quantidade compatível à necessidade de atendimento nos ambulatórios,
centros de saúde e hospitais dos locais onde o surto é intenso, além das
iniciativas de curto prazo no combate a focos do mosquito transmissor,
incluindo intervenções infraestruturais em zonas de acúmulo de água
capazes de se transformarem em berço de larvas e a educação sanitaria, é
claro.
Em saúde, a prevenção é sempre o melhor
remédio, todos nós sabemos, eu sei, como médico. Aqui, o controle sobre
os vetores de transmissão é poderoso aliado, a vacinação em massa é a
solução óbvia, de longo prazo.
Entretanto, os correspondentes esforços
de pesquisa científica e clínica, de experimentação e de teste até a
produção comercial precisam ser concentrados, apoiados, agilizados, a
exemplo dos estudos com a quitosana contra o Aedes aegypti, na
Universidade Federal do Ceará, no Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Ceará e na Evidence Soluções Farmacêuticas, sob
coordenação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, assim como a
experiência já bem avançada de vacina contra a dengue do Instituto
Butantã, de São Paulo, com suporte do National Health Institute, dos
EUA. São dois emblemáticos projetos, eles sinalizam que muitos outros
são também viáveis, se o modelo, a estratégia e a metodologia forem
replicadas, customizadas, aperfeiçoadas.
Eu tenho convicção de que – sob lastro institucional de diplomas
legais discutidos e aprovados no Congresso Nacional – a atuação
integrada e cooperativa entre governos, universidades, empresas,
investidores, entidades e agências reguladoras é a melhor estratégia
para viabilizar políticas públicas consistentes e duradouras de pesquisa
e desenvolvimento, de ciência, tecnologia e inovação, especialmente em
segmentos críticos, vitais, como a saúde.
Por isso, já no primeiro dia de mandato,
não hesitei em resgatar o Projeto de Lei 117/2015 (originalmente
apresentado pelo amigo Eleuses Paiva), que institui a Política Nacional
de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor Farmacêutico. Ela
objetiva fomentar e orientar a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico,
a produção e a utilização de insumos farmacêuticos, aumentando a
capacidade de inovação dessa complexa cadeia industrial, em benefício
do bem-estar da sociedade brasileira. É essencial para a
competitividade sistêmica do país neste estratégico nicho, ela pode
criar, manter e assegurar condições favoráveis ao crescimento da
participação brasileira no mercado mundial de medicamentos.
No momento, como autor, em sintonizada
parceria com a amiga deputada Renata Abreu, relatora na Comissão de
Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática – CCTCI, estamos
finalizando prospecção para atualização do projeto, dialogando com
parlamentares, lideranças partidárias e membros das comissões, iniciando
imprescindível articulação com ministérios, com entidades da sociedade
organizada ligadas ao tema e com representantes do segmento farmacêutico
para adensamento e conformação da proposta em trâmite, desde a primeira
fase.
Como cidadão, eu acredito que, no Brasil,
temos capacidade, talento e criatividade para encontrar o melhor
caminho na busca de autosuficiência tecnológica em medicamentos,
inclusive a partir do aproveitamento otimizado, ecologicamente
sustentável e ético do nosso vastíssimo patrimônio fitoterápico, fonte
de potencial inesgotável, vocacionado a desencadear virtuoso e benfazejo
ciclo de enriquecimento científico a partir da rica e generosa
natureza.
Como parlamentar, o desafio de contribuir
para a melhoria da saúde pública e o fortalecimento da indústria
brasileira é estimulante e prazeroso, eu tenho esperança de que teremos
sucesso nesta e em outras proposições legislativas, se Deus quiser.
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