Aurina Carneiro / Agência Assembleia
Os deputados Othelino Neto (PCdoB), Zé Inácio (PT) e Fernando
Furtado (PCdoB) criticaram, na sessão desta quinta-feira (3), a decisão do
presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, de acolher o pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff.
O primeiro a abordar o assunto, na tribuna, foi o deputado Othelino
Neto, que iniciou seu discurso lamentando a decisão do presidente da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por ter autorizado o início do
processo de impeachment da presidente da República.
Para o deputado Othelino Neto, a atitude do presidente da Câmara dos
Deputados teve o sentido de uma retaliação por ele não ter tido apoio
dos deputados do PT na Comissão de Ética da Câmara Federal.
“Tratar a discussão do impeachment de uma Presidenta da República
desta forma, que foi eleita pelo povo, como uma mera vingança, como uma
troca por não ter feito um acordo político que pudesse salvar o deputado
Eduardo Cunha diante das tão graves denúncias que ele responde foi, na
realidade, um gesto de irresponsabilidade que apequenou o deputado
Eduardo Cunha e que apequena a Câmara dos Deputados que em função de ser
por ele representada”, afirmou Othelino Neto.
Ele acrescentou que ficou ainda mais surpreso quando o presidente da
Câmara disse que deferiu o pedido de abertura de processo de impeachment
ouvindo as vozes das ruas.
“Impopularidade não pode ser razão de afastamento de Presidente, de
Governador ou de Prefeito. Um gestor pode estar impopular hoje e pode
estar popular amanhã. A hora de medir e de resolver se um gestor deve
continuar ou não é nas eleições. Então daqui a três anos o povo
brasileiro terá a oportunidade de escolher um novo Presidente da
República e, aí sim, vai poder escolher se quer continuar neste caminho
ou se quer tomar outra direção”, afirmou Othelino, manifestando sua
indignação e repúdio à decisão tomada pelo presidente da Câmara dos
Deputados.
Em seu discurso, o deputado Zé Inácio criticou o pedido de
impeachment, também fazendo críticas a declarações do presidente da
Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que deu
declarações à imprensa defendendo o afastamento da presidente da
República.
“Deixo aqui o meu ato de repúdio e também para mostrar que tem muitos
que não se preocupam com o país. Os empresários que hoje defendem o
impeachment não estão com um pingo de preocupação com o país”, afirmou
Zé Inácio. Ele fez questão de citar a manifestação pública do governador
Flávio Dino contra o impeachment.
“O governador Flávio Dino, que é advogado, é jurista, foi juiz
federal, é professor da Universidade Federal do Maranhão, inclusive de
Direito Constitucional, já se manifestou e está publicamente, no Portal
Vermelho do PCdoB, a manifestação dele contra esse ato golpista. Dizendo
que é inadmissível, que isso é uma violência contra a soberania
popular. E, de forma muito acertada, ele disse que o impeachment, que é o
que reza a Constituição, deriva de crime de responsabilidade,
tipificado na Constituição, doloso e devidamente provado. Como não
existe nada disso, é um verdadeiro absurdo e um ato contra o Estado
Democrático de Direito”, ressaltou Zé Inácio.
Ao ocupar a tribuna, o deputado Fernando Furtado também criticou o
pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff: “É preciso ter
responsabilidade. Não podemos neste momento querer tirar a presidente
Dilma, criar um golpe em que onde temos experiência do passado, do golpe
que foi feito no passado onde o país não teve sossego, não teve paz,
não teve crescimento”.
Fernando Furtado repudiou na tribuna a forma como “os perdedores
tentam chegar ou voltar ao poder. Não se conformam que precisam esperar o
término do mandato da presidenta Dilma Rousseff, que no seu discurso
ontem foi bem clara quando disse que não tem conta no exterior, que não
escondeu nada na sua prestação de contas e que tem uma reputação
ilibada, que tem um nome limpo. Por isso, nós militantes, o nosso
Governador, sabiamente, colocou nas redes sociais o seu posicionamento
contra esse golpe, de forma que nós, como sempre e eternos aliados do
PT, continuaremos na trincheira de luta defendendo a legitimidade da
companheira Presidenta Dilma Rousseff”, discursou o deputado Fernando
Furtado.
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