Robson Paz |
A bárbara execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) mostra as piores faces do país. A trágica morte da jovem liderança social e política causou comoção e indignação da maioria dos brasileiros. Pela violência e frieza com que foi planejado o crime, que ceifou a vida, mas não matou sonhos por ela acalentados de uma sociedade melhor, mais inclusiva e menos injusta.
É dilacerante ver quão doente está o Brasil. A repercussão da tragédia demonstrou os níveis de desumanidade e intolerância manifestadas, sobretudo, nas redes sociais.
É estarrecedor ver ‘seres humanos’ tripudiarem da morte de semelhante. É ultrajante ver a tentativa de linchamento da imagem da vítima. Mais grave é constatar que autoridades disseminaram notícias falsas sobre a vida de Marielle à guisa de manifestar seu ódio, provavelmente de classe.
Não pode ficar impune a ação criminosa de inescrupulosos, que se escondem sob togas, ternos e gravatas. Acusar irresponsável e mentirosamente apenas por não admitir a ascensão social, por meio da educação, e o protagonismo da cena política em um dos estados mais importantes do país, é tão inaceitável quanto absurdo.
Criaram as mais criminosas versões sobre a vida e atuação de Marielle Franco. Do casamento com traficante à eleição financiada pelo crime organizado. Tudo comprovadamente falso.
No mais raso dos argumentos dos desumanos defensores da morte o fato desta ser de esquerda e defender a legalização das drogas. Como se apenas políticos de casta superior pudessem fazê-lo. Quanta estupidez!
A intolerância e o ódio se retroalimentam. Indivíduos que criam argumentos para justificarem atos extremos deveriam raciocinar que ao defender a extinção de quem pensa diferente dar ao outro o direito de ter entendimento análogo. Seria a luta de todos contra todos. Guerra da qual não há vencedores.
Vivemos ou deveríamos viver num estado democrático de direito. Ninguém é obrigado a concordar com o posicionamento político, ideológico ou religioso de quem quer que seja. Contudo, é princípio básico que todos devemos respeitar os direitos de outrem.
Àqueles que se julgam palmatória do mundo basta rápida leitura de Eclesiastes: “Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” (Ec 7:16)
Mais que obrigação, ser tolerante é um exercício. Jesus em sua passagem terrena deu incontáveis exemplos. A convivência pacífica com os samaritanos, povo que era tido como indigno pelos judeus, é um deles.
O Brasil é maior e melhor que essa barbárie. Aqueles que ceifaram a vida de Marielle não imaginavam o quão forte era a ativista social e política. Suas idéias não apenas vivem, mas se fortaleceram e fizeram nascerem milhões de Marielles.
Ela personifica a origem humilde da maioria dos brasileiros. Gente que com muita luta ascende pelo conhecimento. Atributos que deixam em polvorosa a elite parasita e preconceituosa do país.
São brasileiros que estarão mais fortes na luta por direitos, justiça, igualdade e tolerância. Não, os filhos do ódio não são maioria e jamais serão. A marcha da insensatez não prevalecerá. Os assassinos da esperança não passarão! Marielle, presente! Hoje e sempre!
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