SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO FELIPE CAMARÃO
A França, assim como outros países
europeus, vem buscando a reabertura de lojas, escolas e permitindo a saída de
pessoas às ruas. Ao todo, no país, 40 mil escolas foram reabertas nas últimas
semanas. Entretanto, após a identificação de novos casos da Covid-19, em
algumas delas, o governo francês anunciou, após uma semana de reabertas, o
fechamento de parte das unidades de ensino, seguindo a orientação das
autoridades de saúde e diálogo com os governantes locais.
Com essa experiência da nação
francesa, surge a questão: “Qual é o momento certo para reabertura das
escolas?”. Indubitavelmente, a suspensão das aulas, que já dura mais de dois
meses, acarreta consequências e impactos importantes para além da aprendizagem
dos estudantes, pois envolve aspectos e riscos psicológicos, nutricionais, de
vulnerabilidade, violência, abandono e até fracasso escolar desses estudantes.
Mas a diferença em lidar com essas questões, em um momento de crise, consiste
no posicionamento dos gestores e autoridades, que têm em suas mãos a
possibilidade de mitigar essas realidades que ficaram tão evidentes durante a
pandemia.
Em Portugal, país que já está na
segunda fase do desconfinamento, com a reabertura de escolas e restaurantes,
uma pesquisa realizada, entre os dias 6 e 11 deste mês, revelou que a população
está com medo de retornar às atividades normais. De acordo com o levantamento
feito pelo Centro de Estudos de Opinião e Sondagens, da Universidade Católica
Portuguesa, 46% dos portugueses têm medo de ser infectados e 50% não pretendem
tirar férias no verão. Tanto Portugal como a França nos remetem a profundas
reflexões.
O Banco Mundial, o UNICEF, a UNESCO e
o Programa Alimentar Mundial (World Food Programme) prepararam, oportunamente,
um protocolo rigoroso com recomendações para a reabertura de escolas, no mundo,
com o propósito de subsidiar autoridades e governos no “processo de tomada de
decisão sobre quando reabrir as escolas, apoiar os preparativos nacionais e
orientar a implementação, como parte dos processos gerais de planejamento de
saúde pública e educação”. Mas cabe ressaltar que estamos vivenciando um
momento de incertezas, que exige de cada um de nós parcimônia e sobriedade.
O documento elaborado por esses
organismos mundiais pondera sobre algumas questões que considero prioritárias,
neste momento: “Por que reabrir as escolas?”, “Quando, onde e quais escolas
devem reabrir?” e “Como reabrir escolas?”. É necessário, portanto, nesse tempo,
fazer a melhor avaliação possível, antes de qualquer decisão. Como recomenda o
protocolo do Banco Mundial, é necessário atentar às condições locais,
prevalecendo o atendimento às demandas de aprendizagem, saúde e segurança de
cada estudante, de acordo com a resposta sanitária geral de cada país à
COVID-19, com todas as medidas razoáveis para proteger alunos, funcionários,
professores e as famílias.
É certo que não tivemos tempo para um
planejamento que considerasse o largo espaço de quarentena que estamos
vivenciando hoje e, consequentemente, de suspensão das aulas. Por outro lado, é
imprescindível, na fase em que estamos, um planejamento sistêmico e amplo para
a rede de ensino no pós-pandemia. Por isso, a orientação disposta no documento
do Banco Mundial prevê o planejamento em etapas para reabrir a escola, a saber:
antes da reabertura, durante a reabertura e com as escolas reabertas. E, em
todas essas etapas, o pano de fundo dever ser: política pública, financiamento,
operações seguras, aprendizagem, atendimento aos mais marginalizados e
bem-estar/proteção.
De antemão, asseguro aos leitores que
o governo Flávio Dino jamais incorrerá no erro de reabrir escolas sem a
garantia de condições regionais e locais que assegurem a mitigação de riscos,
sempre ouvindo as autoridades sanitárias e de saúde, que dispõem de
conhecimentos técnico-científicos para subsidiar qualquer decisão.
Notadamente, a Rede Estadual do
Maranhão, que é destaque nacional, por sua desenvoltura proativa, adaptando-se
à crise da pandemia, também já está em planejamento, sob diferentes abordagens
– administrativa, socioemocional, de convivência, estrutural, sanitária e de
aprendizagem – para um retorno, no momento mais adequado possível, com medidas
que protejam toda a comunidade educacional, a partir da acolhida dos
funcionários, professores, alunos e suas famílias.
O momento agora é de esperançar, dar
ou ter esperança, que tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu, como afirmou o sábio Salomão, em Eclesiastes 3:1 a.
E, cada um de nós, fazendo sua parte para abreviar esse tempo e vencermos essa
guerra.
Felipe Camarão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
22/05/2020
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
22/05/2020
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