OLHA SÓ A BOMBA
Existe um esquema fraudulento que envolve pessoas e empresas próximas
ao presidente da Embratur, Flávio Dino, e ao seu partido, o PCdoB no
Maranhão no programa federal “Minha Casa Minha Vida.
São construções pela metade ou apenas fictícias de casas no interior
do Estado, notadamente na região dos Cocais. Empresas são indicadas por
prefeituras no esquema que beneficia o PCdoB, prefeitos e construtoras.
A Caixa Econômica Federal no Maranhão assiste a tudo calada e finge
que fiscaliza as obras. O Jornal O Globo mostra como o esquema vem
funcionando em todo o país e como o PCdoB se beneficia da fraude,
inclusive no Maranhão. Leia abaixo a matéria de o Globo:
BRASÍLIA — Um esquema de empresas de fachada, parte delas registrada
no mesmo endereço e controlada por um grupo de ex-funcionários do
Ministério das Cidades, abocanha cada vez mais contratos para construção
de casas populares destinadas às faixas mais pobres da população. No
centro da história está a RCA Assessoria em Controle de Obras e
Serviços, empresa com sede em São Paulo e três sócios: Daniel Vital
Nolasco, ex-diretor de Produção Habitacional do Ministério das Cidades
até 2008 e filiado ao PCdoB; o ex-garçom do ministério José Iran Alves
dos Santos; e Carlos Roberto de Luna. A RCA funciona numa sede modesta,
mas apresenta números invejáveis para quem está no setor há tão pouco
tempo. Alardeia atuar em 24 estados e mil municípios, e garante que
entregou 80 mil casas. Hoje, estaria à frente da construção de 24 mil
unidades. O faturamento milionário da RCA virou alvo de disputa
judicial, que expõe supostas conexões da empresa com o PCdoB. Até a
ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra tem o nome citado.
A RCA dá consultoria a prefeituras e beneficiários, e atua como
correspondente bancário de sete pequenas instituições financeiras
autorizadas a repassar verbas federais nos programas de casas populares
para cidades com menos de 50 mil habitantes. Atuou no Programa Social de
Habitação (PSH) e agora opera no seu sucessor, o Minha Casa. Até aí,
tudo dentro da normalidade. Mas a RCA faz mais: consegue ao mesmo tempo
ser representante do agente financeiro, tocar construções e também
medi-las e fiscalizá-las. Para isso, usa uma rede de empresas que os
sócios e os funcionários registraram em seus nomes e cujos endereços ou
são na sede da RCA, em São Paulo, ou na casa de parentes.
O site da empresa dava o exemplo de como a RCA frauda o processo de
seleção de construtoras que vão executar obras financiadas com recursos
federais e encomendadas por prefeituras. Para contratar uma construtora
responsável pela execução de obras no Espírito Santo, lançou um edital
de convocação em dezembro de 2012. O site convocou os interessados e
dias depois divulgou os vencedores. Duas foram selecionadas. Uma delas é
a JB Lar. Tudo como manda o figurino. Não fosse um detalhe: o endereço
da JB Lar é o mesmo da RCA, a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio 4.553. A
JB Lar foi habilitada para construção de 95 casas no Espírito Santo. Na
sexta-feira, após ser procurada pelo GLOBO, a RCA tirou do ar o link
“Editais” do seu site.
Disputa pelo faturamento da empresa
O esquema de empresas de fachada está narrado numa ação na Justiça de
São Paulo. Nela, Fernando Lopes Borges — outro ex-servidor do
Ministério das Cidades, que seguiu na Secretaria Nacional de Programas
Urbanos até ser exonerado por abandono do cargo em 2010 — apresenta-se
como sócio oculto da RCA. Ele era representado no negócio pelo irmão
Ivo, já falecido. E a disputa pelo faturamento da empresa começou
justamente após a morte de Ivo.
Num acordo prejudicial, Fernando chegou a receber pouco mais de R$ 1
milhão da RCA. Mas quer mais e briga na Justiça. Na ação, afirma, sem
apresentar provas, que o desvio de recursos do Minha Casa Minha Vida
teria começado com Erenice Guerra. Ela teria articulado a entrada de
bancos privados na operação do programa em pequenos municípios. Segundo o
denunciante, teria direito a R$ 200 por casa construída. Fernando
sustenta na ação que o negócio chegaria a render R$ 12 milhões.
Ele diz que o PCdoB desde 2005 receberia dinheiro desviado para a
construção de casas populares do Programa de Subsídio Habitacional
(PSH), que foi absorvido pelo Minha Casa Minha Vida. Procurado, Fernando
sustentou que a RCA está envolvida em irregularidades nos programas
federais do Ministério da Cidades, mas não quis confirmar as denúncias
contra Erenice e o PCdoB. No processo, Fernando mostra uma troca de
e-mails entre Carlos Luna, da RCA, e o escritório Trajano & Silva,
que foi fundado por Erenice. Eles tratam da retirada do sócio Ivo e do
valor que deveria ser pago a Fernando.
O esquema incluiria a construtora Souza e Lima Engenharia, que
pertence ao ex-engenheiro e ao ex-gerente-geral da própria RCA. Essa
empresa fez casas no Maranhão para o Minha Casa Minha Vida em contratos
geridos pela RCA. Outra empresa de pessoas próximas prestou o mesmo
serviço. A Martins MA Engenharia — que hoje pertence ao cunhado de
Daniel Vital Nolasco — também construiu casa para a RCA.
Na ação, Fernando reclama a sociedade nas empresas de assessoria
cadastral Artifício, Setorial, Sigma e Marketplan. Todas seriam do grupo
RCA. As três primeiras têm Nolasco como sócio. José Iran é um dos donos
da última. O grupo tem participação em outras empresas. Carlos Luna e
José Iran são donos da Superdata. Luna é um dos sócios da LL Engenharia.
Fernando relata no processo que há contratos com a DJC/Naza Engenharia,
que seria responsável pela construção de oito mil casas.
Essa empresa
seria de Divaildo, irmão de Celma Casado Silva. Ela foi exonerada em
fevereiro deste ano da Secretaria de Habitação do Ministério das
Cidades. Segundo o órgão, ela foi exonerada a pedido.
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