Tenho duas filhas, uma com quatro
anos e a outra com sete, ambas nativas digitais, diria, porque
nasceram e estão vivendo na frenética era digital, onde boa parte da nossa vida
passa pelas tecnologias. Assim, como a maioria dos pais que têm filhos nessa
idade, fico impressionado com a destreza e agilidade delas com o celular, por
exemplo. Num clique, acessam desenhos, jogos, filmes infantis, entre outros.
Diferentemente das crianças e
adolescentes, nós, os antigos, os turistas digitais, temos que nos
esforçar para conhecer e apreender essas inovações, que muitas vezes, até nos
assustam. Ora ou outra nos deparamos com opiniões do tipo: “Será que o
computador e as novas tecnologias são inimigos do livro, da leitura? ”; “Essa
geração prefere fazer tudo pelo celular! Não estuda, só fica on line o
tempo inteiro! ” E por aí vai…
Na Educação, há inúmeros estudos e
pesquisas sobre as interfaces entre o campo educacional e as tecnologias. Isso
tem sido fundamental para o desenvolvimento de estratégias que consigam aliar a
linguagem digital à leitura, desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino
Fundamental, até o Ensino Médio.
Como educadores, nosso desafio é
romper as barreiras que colocam todo esse progresso e suas variadas plataformas
como oponentes do livro e estimular nossos estudantes a apreciarem as diversas
literaturas, mesmo na linguagem digital, para que isso redunde em mais
aprendizagens. O que nós devemos temer é a indiferença às tecnologias, como um
grande potencial do saber, somada ao abandono da leitura, seja em papel ou com
algum suporte tecnológico, pois, como bem colocou o filósofo francês Voltaire,
“A leitura engrandece a alma”.
Entretanto, ler somente não é o
caminho. Por isso, associo esse pensamento registrado por Voltaire, no século
XVIII, à visão contemporânea do italiano Umberto Eco, quando afirma que a
internet ainda é um mundo perigoso, para o qual devemos ter um filtro que
favoreça o conhecimento. É nesse sentido que, hoje, encontramos uma série de
informações, dados e conteúdos falsos circulando na atmosfera digital, as
chamadas Fake News, capazes de interferir negativamente em vários
setores da sociedade, que precisam, portanto, ser combatidas e eliminadas.
Assim, retomando Eco, endosso, “Conhecer é filtrar! ”.
Há cerca de dois anos estamos
incentivando os educadores da rede estadual do Maranhão a utilizarem, cada vez
mais, as novas tecnologias a favor do ensino e da aprendizagem. Para isso,
foram distribuídos 25.905 cadernos pedagógicos a professores de diferentes
componentes curriculares, inclusive disponíveis para download no portal da
Seduc (www.educacao.ma.gov.br), com orientações, dicas e sugestões de
conteúdos, disponíveis em ambientes virtuais, para estimular a inovação
metodológica na sala de aula.
Apesar de muitos dos nossos
estudantes preferirem redes sociais à leitura, a internet pode ser a porta para
um bom livro. É por isso que esse canal pode e deve andar junto com o gosto
pela leitura e nós, educadores, podemos levá-los à reflexão sobre a relevância
de se buscar bons livros, aplicativos e portais que conectem a geração de nativos
digitais à cultura e, assim, colocarmos a educação do Maranhão no
século XXI.
Encerro lembrando a minha infância,
quando meus pais me levaram aos livros diversos. Posso afirmar que o incentivo
recebido através deles valeu por uma vida e como exemplo. Dessa forma, estou
criando minhas filhas, a fim de que tenham o gosto pela leitura e a sede pelo
conhecimento, em qualquer espaço, seja ele físico ou digital.
Felipe
Costa Camarão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e
Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
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