Secretário de Estado da Educação, Felipe Camarão |
Observando mudanças que parecem singelas, uma é especial:
a utilização da nomenclatura “gestor” escolar em substituição a “diretor”
escolar. É desafio de todos os gestores, desde os setores administrativos da
secretaria, às escolas, garantir uma boa estruturação da rotina escolar para
concretizar, na sala de aula, a relação do ensino com a aprendizagem. Parece
uma obviedade e uma tarefa fácil, mas não é.
Com o passar dos anos, várias atribuições foram dadas à
escola. Diante disso, o gestor é estratégico para a construção de um projeto
educacional consistente, coerente e bem alinhado com as demandas e realidade de
uma comunidade escolar. Conseguir realizar ações de várias “gestões” –
financeira, administrativa, dos espaços, relação escola e comunidade –, exige
capacidade técnica associada a uma liderança autêntica dentro de um espaço heterogêneo,
diverso, complexo e instigante como uma escola.
Perde força a figura de um profissional monitorando
corredores ou dentro de um gabinete para conversas disciplinadoras. O gestor é,
antes de tudo, um líder articulador de todos os processos em torno do êxito
acadêmico dos estudantes. A educação conseguiu, como bem diz nosso povo, ir
para a Trizidela, ou seja, o outro lado da margem do rio, passando a refletir
não somente as condições propícias ao ensino, mas, também, o fim do processo
educativo, que é a aprendizagem.
O Maranhão está rompendo as barreiras históricas com a
implementação da gestão escolar democrática, que já apresenta bons resultados.
Isso está expresso, por exemplo, no Programa Mais Gestão, que já ofertou
formação para quase 2.500 profissionais que atuam na rede estadual e são, ou
pretendem ser, gestores escolares.
Outro aspecto que merece destaque é o cumprimento da meta
dos Planos Nacional e Estadual de Educação sobre a gestão democrática associada
a critérios técnicos e à consulta pública, ação garantida pelo governo Flávio
Dino, por meio da eleição direta, vinculada ao apoio pedagógico e financeiro.
Foram em torno de 600 mil pessoas envolvidas nos pleitos, número que se
aproxima da quantidade de eleitores de São Luís, maior colégio eleitoral do
Estado.
Secretária Adjunta de Ensino, Nádya Dutra |
É importante lembrar,
sobretudo neste momento político do país, que esse debate sobre gestão
democrática nos remete à década de 80, quando a escola brasileira resistia ao
modelo educacional implantado pelo golpe militar de 1964, que enfraqueceu a
autonomia das comunidades escolares, feriu a liberdade de cátedra e centralizou
os processos de gestão. Vemos, portanto, com muita preocupação, o renascimento
de posturas que comprometem os princípios da educação, presentes no texto
constitucional: o livre aprender, ensinar, pesquisar, divulgar o pensamento, a
arte, o saber, o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas.
Em sentido oposto e primando, essencialmente, pelo
respeito à liberdade no exercício do magistério, o Estado do Maranhão implementará
um modelo de gestão para resultados na aprendizagem, reunindo ações que
garantam o fortalecimento da gestão democrática e a qualificação dos processos
e rotinas pedagógicas, com o objetivo de atingir toda a rede estadual,
salvaguardando as especificidades e as diversidades educacionais de um Estado
de negros, indígenas, homens e mulheres do campo e das cidades.
Por isso, é meta deste governo o alinhamento da dimensão
administrativa à dimensão política no trabalho dos gestores escolares. E para
não sermos mal compreendidos, ao falarmos aqui de política, explicamos
lembrando o que foi apontado por Dermeval Saviani: “a prática educativa escolar
é prática social crítica”.
Portanto, sem tergiversar, trabalharemos pela melhoria
constante dos processos pedagógicos, respaldados na ação colegiada e
reafirmando que o sentido maior da gestão escolar é a democratização do saber,
o êxito dos nossos estudantes e respeito aos princípios democráticos da
educação. A propósito, viva, hoje e sempre, a Democracia!
Felipe Costa Camarão
Professor
Secretário de Estado da Educação
Membro da Academia Ludovicense de Letras e Sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão
Nádya Christina Guimarães Dutra
Pedagoga Mestranda em Educação
Secretária Adjunta da SEDUC e Coordenadora do Fórum Estadual de Educação do Maranhão
11/11/2018
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