O Plenário da
Câmara dos Deputados aprovou, por 320 votos a 61,
o projeto que considera, para fins de posse de arma de fogo, toda a extensão do
imóvel rural como residência ou domicílio (PL 3715/19,
do Senado). Atualmente, a posse é permitida apenas na sede da propriedade
rural, o texto vai à
sanção presidencial.
A segurança no campo foi o ponto
central da discussão da proposta. Para os defensores do projeto, os
agricultores precisam de meios para se defender da criminalidade. Já os
contrários afirmam que a medida pode agravar a violência no campo.
O relator, deputado Afonso
Hamm (PP-RS), disse que a proposta tem o aval do setor rural,
assustado com o aumento da violência. “Nada mais justo do que permitir aos
residentes rurais que mantenham arma de fogo em sua residência ou domicílio e
que a lei deixe claro que residência ou domicílio consiste em toda a extensão
da área do imóvel”, declarou.
Hamm ressaltou que o projeto vai beneficiar
os pequenos proprietários – alvos principais de crimes – e rebateu as críticas.
“A arma, que nas mãos dos bandidos é uma ameaça à sociedade, nas mãos do
cidadão de bem é garantia da paz social, porque ele vai usá-la em defesa da sua
vida e de seus familiares”, disse.
Defesa da propriedade
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) afirmou que a insegurança atual só será freada se o poder de intimidação dos agricultores aumentar. “O produtor rural precisa andar armado, ele precisa sempre defender a sua propriedade contra invasões, contra ladrões e roubo de gado”, disse o parlamentar.
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) afirmou que a insegurança atual só será freada se o poder de intimidação dos agricultores aumentar. “O produtor rural precisa andar armado, ele precisa sempre defender a sua propriedade contra invasões, contra ladrões e roubo de gado”, disse o parlamentar.
O deputado Pompeo
de Mattos (PDT-RS) destacou que as autoridades policiais,
muitas vezes, não chegam ao campo. “Não dá para tapar o sol com a peneira. Esta
proposta quer permitir que o homem rural, que vive lá no seu rincão, tenha o
mínimo de proteção que o Estado não pode lhe oferecer, porque o Estado está
ausente pela distância”, argumentou.
Na avaliação do deputado Chiquinho
Brazão (Avante-RJ), a medida terá ação preventiva. “ A partir do
momento que sair nos meios de comunicação que um bandido invadiu uma propriedade
rural e ali se deu mal, certamente os demais irão tomar uma medida preventiva”,
disse.
Presidente da Frente Parlamentar de Segurança, o deputado Capitão
Augusto (PL-SP) celebrou a união das bancadas do agronegócio
com a de segurança pública em prol da matéria.
Movimentos sociais
Já o deputado Jorge Solla (PT-BA) afirmou que a posse estendida vai fomentar ainda mais a violência no campo – seja contra movimentos sociais, índios ou trabalhadores. “Só quem tem a ganhar são as milícias, são os fabricantes de arma, são os que promovem a violência no campo”, declarou.
Já o deputado Jorge Solla (PT-BA) afirmou que a posse estendida vai fomentar ainda mais a violência no campo – seja contra movimentos sociais, índios ou trabalhadores. “Só quem tem a ganhar são as milícias, são os fabricantes de arma, são os que promovem a violência no campo”, declarou.
A líder da Minoria, deputada Jandira
Feghali (PCdoB-RJ), disse ter ouvido que há intenção de antagonizar
movimentos sociais. “Nós ouvimos aqui, ontem, vários argumentos, inclusive
levantando que a arma é importante para o enfrentamento com o MST [Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Essa arma é importante para o
enfrentamento com a luta contra a reforma agrária”, criticou.
O deputado Alencar
Santana Braga (PT-SP) disse que armar a população em um momento
de polarização pode ser prejudicial ao futuro da nação. “Olhem o que
aconteceu hoje no Rio Grande do Sul: uma pessoa, com uma machadinha, adentrou
uma escola e, por sorte, não aconteceu uma tragédia maior. Então, não dá para
nós ficarmos estimulando, facilitando que o porte de arma ocorra de qualquer
maneira”, disse.
O deputado Lucio
Mosquini (MDB-RO) negou que o projeto seja permissivo. Ele
destacou que a mudança estende o entendimento de posse da arma. “Ninguém aqui,
através desse projeto, está botando arma na cintura de alguém, muito pelo
contrário, é uma prerrogativa”, disse.
Reportagem – Carol Siqueira e Eduardo
Piovesan
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
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