PROJETO DE AUTORIA DO DEPUTADO FEDERAL PREVÊ INCENTIVOS PARA O SETOR, O QUE VAI TORNAR REMÉDIOS E VACINAS MAIS ACESSÍVEIS E BARATOS. SEGUNDO PESQUISA, 65% DOS MUNICÍPIOS SOFREM COM FALTA DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA E NAS FARMÁCIAS
A pandemia da Covid-19 e a guerra
entre Rússia e Ucrânia agravaram a falta de medicamentos em todo o mundo. No
Brasil, porém, os impactos são ainda maiores. O sumiço de antibióticos,
analgésicos, xaropes e outros remédios considerados simples, já é uma realidade
no sistema público e nas farmácias de várias cidades do país. Segundo
levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 65% das cidades
pesquisadas enfrentam o problema.
De
acordo com o deputado federal Juscelino Filho (União-MA), um dos principais
motivos é a falta de insumos para produção de medicamentos e vacinas. “O Brasil
importa de 80% a 90% desses ingredientes que usamos de países como China e
Índia. Isso porque, ao longo dos anos, o setor farmacêutico se
desindustrializou e perdeu a capacidade produtiva e tecnológica. Atualmente,
sofremos até com a escassez de frascos”, afirma.
Diante
da situação, Juscelino Filho defende a análise do Projeto de Lei 117/2015, de
sua autoria. “No próximo mandato, que começará em fevereiro, vamos trabalhar
para debatermos e votarmos essa proposta no Congresso Nacional. Ela cria uma
política de desenvolvimento da indústria farmacêutica, prevendo, entre outros
pontos, formas de financiar pesquisa, inovação e produção. Só assim, com
investimentos e mais tecnologia, vamos tornar os remédios mais acessíveis e,
principalmente, mais baratos para os brasileiros”, diz.
Especialistas
endossam que o problema é grave. “Até a década de 1990, produzíamos 50% dos
antibióticos do mercado, mas hoje praticamente não fabricamos nada. É tudo importado.
Perdemos a capacidade produtiva”, aponta o vice-presidente da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Miriam Parente Monteiro, professora de
Farmácia da Universidade Federal do Ceará, completa: “Temos até boas pesquisas
de desenvolvimento de remédios com potencial nas universidades públicas, mas
que esbarram na questão do financiamento”.
O
PL 117/2015 prevê a criação de um plano diretor para orientar o trabalho do
governo, de empresas, de centros e institutos tecnológicos e de universidades.
Já entre os possíveis mecanismos para financiar a política nacional, o projeto
de Juscelino Filho cita a adoção de incentivos fiscais e não-fiscais,
desoneração da produção tecnológica, captações por fundos específicos e
organismos internacionais e recursos no Orçamento Geral da União.
Em 2016, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados determinou a
criação de uma comissão especial para tratar do tema, o que deve ser o próximo
passo na tramitação da proposta.
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